Chaves na mão. Uma expressão que se tornou tão corrente que
já não nos espanta quando a vemos, mas que nos indica logo que algo nos vai ser
entregue na hora. Seja para carros ou casas, sabemos que vamos sair de lá com uma
coisa que nos pertence. Mas o assunto é outro.
As chaves na mão são um hábito de férias, nomeadamente de visitas. Eu passo férias numa aldeia, onde a minha família inteira sempre passou férias. Os que não o são, são conhecidos há tanto tempo que já contam como tal. Estas pessoas todas visitam-se umas às outras, para saber e contar novidades, ou ver as crianças que “iiiiiih, já estão tão grandes”.
Tudo isto acontece com chaves na mão, porque se vai andar pelas casas todas, ou é só para contar uma coisa. Em geral, isto acaba por não ser verdade, porque as nossas visitas estão sempre de passagem, mas ficam várias horas. Com chaves na mão.
Para mim, que sou aquele primo estranho que fica sentado sem falar e responde com monossílabos, isto é interessante. Gosto de observar e ouvir as pessoas, ver os gestos que fazem e as expressões que usam. Divirto-me com isto. É meio parvo, eu sei, mas o meu Mr. Burns é quase tão bom como o original. Na verdade, nem sempre presto atenção ao conteúdo da conversa e, às vezes, as visitas saem sem eu saber o que aconteceu. E depois faço perguntas como “a prima morreu? Quando souberam isso?” Voltando ao assunto. Acabei por reparar em alguns trejeitos que as visitas partilham: agitar as chaves enquanto se fala, brincar com os porta-chaves, ou brincar com as chaves.
Agitar as chaves acrescenta sempre qualquer coisa ao assunto. Mexer os braços é expressivo, mas fazê-lo com banda sonora ainda o é mais. A indústria do cinema vive disso. Mais, há sempre a hipótese de apanhar um bocadinho de luz e temos uma bola de espelhos instantânea. Afinal, estamos de férias, há que curtir. Brincar com o porta-chaves é um pouco mais simples, se for uma fita, passar a mão pela fita de uma ponta à outra e recomeçar, se for algo mais sólido, agitar ao de leve e deixar pronto para ir embora, para depois voltar a agitar. Normalmente, estes movimentos só são interrompidos por notícias bombásticas.
Brincar com as chaves é mais interactivo, porque dá para tentar descobrir padrões nos movimentos e tentar prever o que vem a seguir. Também é frustrante, porque nem sempre acontece o que conseguimos prever através de extensas observações. Por exemplo, quando a visita tem três chaves e está só a brincar com duas. A costela obsessiva começa logo a dar sinal de vida. “Porque é que a terceira não foi? É melhor recomeçar. Outra vez?! Faz a terceira! EH PÁ!” e depois é preciso pensar noutra coisa qualquer para acalmar, mudar o foco da atenção. Perguntar pela prima. “Bem... A prima morreu...”
As chaves na mão são um hábito de férias, nomeadamente de visitas. Eu passo férias numa aldeia, onde a minha família inteira sempre passou férias. Os que não o são, são conhecidos há tanto tempo que já contam como tal. Estas pessoas todas visitam-se umas às outras, para saber e contar novidades, ou ver as crianças que “iiiiiih, já estão tão grandes”.
Tudo isto acontece com chaves na mão, porque se vai andar pelas casas todas, ou é só para contar uma coisa. Em geral, isto acaba por não ser verdade, porque as nossas visitas estão sempre de passagem, mas ficam várias horas. Com chaves na mão.
Para mim, que sou aquele primo estranho que fica sentado sem falar e responde com monossílabos, isto é interessante. Gosto de observar e ouvir as pessoas, ver os gestos que fazem e as expressões que usam. Divirto-me com isto. É meio parvo, eu sei, mas o meu Mr. Burns é quase tão bom como o original. Na verdade, nem sempre presto atenção ao conteúdo da conversa e, às vezes, as visitas saem sem eu saber o que aconteceu. E depois faço perguntas como “a prima morreu? Quando souberam isso?” Voltando ao assunto. Acabei por reparar em alguns trejeitos que as visitas partilham: agitar as chaves enquanto se fala, brincar com os porta-chaves, ou brincar com as chaves.
Agitar as chaves acrescenta sempre qualquer coisa ao assunto. Mexer os braços é expressivo, mas fazê-lo com banda sonora ainda o é mais. A indústria do cinema vive disso. Mais, há sempre a hipótese de apanhar um bocadinho de luz e temos uma bola de espelhos instantânea. Afinal, estamos de férias, há que curtir. Brincar com o porta-chaves é um pouco mais simples, se for uma fita, passar a mão pela fita de uma ponta à outra e recomeçar, se for algo mais sólido, agitar ao de leve e deixar pronto para ir embora, para depois voltar a agitar. Normalmente, estes movimentos só são interrompidos por notícias bombásticas.
Brincar com as chaves é mais interactivo, porque dá para tentar descobrir padrões nos movimentos e tentar prever o que vem a seguir. Também é frustrante, porque nem sempre acontece o que conseguimos prever através de extensas observações. Por exemplo, quando a visita tem três chaves e está só a brincar com duas. A costela obsessiva começa logo a dar sinal de vida. “Porque é que a terceira não foi? É melhor recomeçar. Outra vez?! Faz a terceira! EH PÁ!” e depois é preciso pensar noutra coisa qualquer para acalmar, mudar o foco da atenção. Perguntar pela prima. “Bem... A prima morreu...”