Agora que já acabaram os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, podemos voltar ao dia a dia normal. No meu caso, o regresso foi um bocadinho aos tropeções. Fui daquelas pessoas que passaram tanto tempo a ver os Jogos, que depois não soube o que fazer com o tempo livre. Para além do trabalho, claro.
Felizmente, temos uma coisa sempre presente na nossa vida para nos entreter. Infelizmente, é futebol. Não tenho nada contra o futebol, gosto de ver e acompanho sempre que posso (vamos, gansos!), mas já há algum tempo que o desporto deixou de ser o ponto central. Uma coisa boa é que podemos fazer uma comparação com o que se passou os Jogos.
O futebol tem muito mais teatro, mas muito menos manias. Para além da feira toda que se faz à volta de cada jogo e das tretas do fan engagement, temos sempre as câmaras apontadas às caras dos jogadores mais famosos que, sem saberem que estão a ser filmados (claro), mostram-se sempre exasperados quando falham um remate, em vez de continuar a jogar. E é sempre virado para o aspecto da paixão pelo jogo. Paixão essa que desaparece quando a equipa não ganha, o que é estranho. Na volta, todas as equipas precisam de um alemão para culpar, não sei. Quanto mais importante for o jogo, ou quanto maiores forem as equipas, mais teatro há. E é curioso ver a quantidade de intervenções do VAR num dérbi e depois ver um Casa Pia – Moreirense onde não acontece nada. É engraçado.
Nos outros desportos, a televisão apenas mostra o que se passa. E apesar de já tentar algumas coisas com entradas individuais com apresentação dos atletas, o foco é o desporto. Tem a chatice de termos de ver os atletas a preparar-se com as suas âncoras, mas em geral é muito mais directo ao assunto, o que às vezes implica um atleta vir sozinho do Nauru correr durante 11 segundos nos 100m, e voltar para casa. Isto depois de estar 2 minutos a preparar-se… Em geral, nos desportos individuais, há mais atenção com a preparação, o que leva a esperas longas e tiques estranhos. Como no ténis, por exemplo. Estamos 30 segundos a ver um tenista a preparar-se, para mandar uma bolada na rede, e recomeçar. E quem não se lembra dos tiques do Nadal antes de servir? Tem de estar tudo perfeito, ou então não corre bem.
O único teatro que me lembro de ver foi de um sprinter americano que entrou na final dos 200m aos saltos e cheio de confiança, e com um ego do tamanho do estádio, e que depois colapsou no fim da corrida. Mais tarde, foi noticiado que tinha COVID-19, e que isso afectou a sua corrida. Curiosamente, o atleta não ficou em último. Ficou em terceiro lugar, a 24 centésimas do vencedor, e parecia mais incrédulo do que outra coisa…
Na volta, este COVID-19 também era alemão.