Estamos a chegar ao fim da época de futebol. Infelizmente, isso não significa nada, porque agora vem aí um mundial de clubes que ninguém quer jogar, excepto quem está a pensar nas demonstrações de resultados. Quando acabar, já estamos perto dos play-offs para as competições europeias, e recomeça tudo.
Entretanto, enquanto o pau vai e vem, temos uma pausa dos lugares-comuns que imperam no futebol. Principalmente, vamos poder descansar da expressão “nesta altura do campeonato”, visto que não há campeonato. Até porque esta expressão nem faz sentido, porque é usada em momentos menos bons, mas, no fundo, não há altura nenhuma do ano em que esses momentos possam acontecer.
Os jornalistas também vão sofrer. Já ninguém vai endossar bolas que são recepcionadas pelos colegas, e o esférico não vai rolar para lado nenhum. O jogo não vai virar e não vai haver nenhum jogador com pendor ofensivo. Não vão poder estar duas horas a comentar tudo o que cada jogador faz todos os dias, excepto no jogo que está a decorrer no momento, ou para onde irá no próximo mercado de transferências. Vê-se futebol não para ouvir o relato do jogo, mas para estar a par da vida difícil dos jogadores.
Por outro lado, podemos aproveitar este tempo para pensar um bocadinho em algumas coisas. Ou, aliás, numa coisa. No último mês, tem havido várias notícias sobre problemas com vício de jogo. E depois ligamos a televisão, e há anúncios de sites e apps de apostas aos pontapés, a liga é patrocinada por uma casa de apostas, e muitos clubes têm patrocínios de casas de apostas na camisola. Não sou advogado, nem nunca estudei nem nada, mas gostava de saber se isto não é um conflito de interesses, visto que as casas de apostas ganham a vida com resultados desportivos… de organizações que elas próprias patrocinam. Se calhar, não é, não sei. Só faço a minha parte, que é não comprar uma camisola do meu clube (vamos, gansos!), enquanto tiver uma casa de apostas na camisola.
E pronto. Por agora, temos um compasso de espera antes de voltar à carga e começar a distribuir jogo por tudo o que é serviço pago, porque o objectivo é chegar ao maior número de pessoas possível, obviamente. É por isso que é pago, e não transmitido nos canais da FIFA, da UEFA, ou de quem for. Para chegar a mais gente.
Não relacionado, 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais.