Um esquema pode ter dois significados: tanto pode ser uma ilustração para mostrar como funciona uma turbina, como uma forma de dar a volta a coisas incómodas, em especial, leis. Não tenho nada contra os desenhos, mas não sou fã dos outros esquemas. Infelizmente, muitas pessoas se aproveitam de esquemas, sendo que apenas eu e o amigo leitor somos pessoas honestas, e acabamos por ser vítimas. Ou participantes relutantes, quando não há outra opção.
De toda a gama de esquemas, acho que os mais interessantes são os do ramo automóvel, que, em geral, são formas de não dar dinheiro a “Eles”. Por exemplo, são Eles que andam de olho nos parquímetros, mas há um esquema para isso. Já tive situações em que me deram boleia e ao estacionar perguntei se queriam dinheiro para o parquímetro, e tive a resposta:
– Não é preciso, porque vamos só ali e, além disso, há uma lei que diz que só se pode estar estacionado sem pagar durante 15 minutos, e outra que diz 1 hora, portanto, podemos contestar com esta zona cinzenta.
Ninguém sabe que leis são essas, mas esta pessoa estava com clara confiança que eram uma opção mais segura do que pagar 25 cêntimos. Também não aprofundei a questão, visto que a multa não viria ter comigo, mas Eles não passaram ali naquela altura.
Outro esquema engraçado é com radares de velocidade. Digo engraçado, mas na verdade é só parvo. Uma vez, em viagem, um amigo disse-me para abrandar perto do radar do Eixo N/S antes do Aqueduto, para poder olhar para o radar. Quando passámos, disse, com orgulho, que podíamos ter passado à vontade, porque o radar estava desligado, e que havia uma forma fácil de saber. É só olhar para lá, porque, quando está desligado, não tem o vidrinho de onde tiram as fotografias, o que significa que a máquina não está lá. Vendo bem isto, há dois pontos a relevar: primeiro, Eles vão até uma zona de difícil acesso para tirar uma máquina de vez em quando; segundo, é preciso passar abaixo do limite na mesma, porque só se pode saber que não estava lá depois de o passar. Portanto, parvo.
O melhor de todos é, sem dúvida, o esquema de compras. Porquê ir a um stand próximo, quando um amigo conhece uma pessoa que consegue fazer um negócio melhor noutro stand? A única desvantagem é ter de ir buscar o carro a Trás-os-Montes, mas é um bom passeio. Neste esquema, estamos nós, o conhecido, e o stand do conhecido, todos com o intuito de fazer a transacção a um preço mais vantajoso. Resta saber para quem, porque nós pagamos menos, mas estará o stand realmente interessado em vender um carro novinho em folha por menos? Se acharmos que ninguém saiu prejudicado, o mais provável é não terem sido Eles...