As coisas dependem do ponto de vista, já nos dizia Obi-Wan
Kenobi. E, se formos ver o que se passa na televisão e no cinema, percebemos
que ele tinha razão.
Vamos começar com séries que envolvem as forças da lei americanas. Nas séries policiais, os polícias sabem que de vez em quando é preciso agarrar um malfeitor pelos colarinhos e gritar-lhes na cara para ele de facto assumir o que fez. Nas séries de advogados, isso é mais que suficiente para mandar o caso ao ar por força excessiva e coerção. Na outra série, a polícia diz que os advogados são uns malandros e só querem dinheiro, mas eles não se importam, porque o episódio já acabou. Quando agentes federais entram em séries de polícias, em geral são uns convencidos que vêm roubar o trabalho árduo e já quase completo para ficar com os louros e irritar os polícias. Mas nas séries com agências federais, elas têm de o fazer, heroicamente, porque é demasiada areia para o camião da polícia, e eles são incompetentes e desorganizados, coitados.
Normalmente, o ponto em comum é o Bom principal ser o mais correcto possível e fazer tudo segundo as regras, tirando aquele email que apagou no final da primeira temporada para ajudar um amigo, e que o vai apanhar depois algures a meio da quarta temporada. Nestas situações, a interacção entre séries torna-se mais intensa. Em geral, entra um elemento de fora para poder olhar para o Bom de alto e justificar tudo o que pensa dele e dos seus colegas.
Depois de 35 minutos a ser impedido de trabalhar, perseguido, e todo um monte de outras chatices, o Bom acaba por ter um show-down final com quem o investiga. Juntam-se num beco as três séries para ver qual vai ter jurisdição no episódio, e vão instigando como se estivessem a assistir a um combate de boxe. Num canto, os advogados pedem, com palavras caras, um murro que possam acrescentar à acusação de corrupção. Noutro canto, os polícias querem ver o investigador no chão com ataques justificados para ele acabar com a parvoíce e deixar a polícia trabalhar respeitosamente. No último canto, os agentes federais esperam calmamente por algo que justifique a investigação.
Todos são defraudados, porque o Bom principal é mesmo muito bom e mostra uma prova nunca antes vista que o iliba de tudo. Sim, o email foi mesmo apagado, mas com uma boa razão e um propósito que ninguém percebeu. Com sorte, até desvenda uma conspiração de larga escala e acaba com o crime na cidade inteira. Até à semana seguinte, claro.
No final, vão a um bar para repensar a situação e dizer piadas sobre os chefes, que se juntam a eles de forma inesperada e amigável. Mas não todos juntos. Depende do ponto de vista: os advogados vão para um rooftop, os polícias para um pub irlandês, e os agentes federais para um bar mais fino.
Vamos começar com séries que envolvem as forças da lei americanas. Nas séries policiais, os polícias sabem que de vez em quando é preciso agarrar um malfeitor pelos colarinhos e gritar-lhes na cara para ele de facto assumir o que fez. Nas séries de advogados, isso é mais que suficiente para mandar o caso ao ar por força excessiva e coerção. Na outra série, a polícia diz que os advogados são uns malandros e só querem dinheiro, mas eles não se importam, porque o episódio já acabou. Quando agentes federais entram em séries de polícias, em geral são uns convencidos que vêm roubar o trabalho árduo e já quase completo para ficar com os louros e irritar os polícias. Mas nas séries com agências federais, elas têm de o fazer, heroicamente, porque é demasiada areia para o camião da polícia, e eles são incompetentes e desorganizados, coitados.
Normalmente, o ponto em comum é o Bom principal ser o mais correcto possível e fazer tudo segundo as regras, tirando aquele email que apagou no final da primeira temporada para ajudar um amigo, e que o vai apanhar depois algures a meio da quarta temporada. Nestas situações, a interacção entre séries torna-se mais intensa. Em geral, entra um elemento de fora para poder olhar para o Bom de alto e justificar tudo o que pensa dele e dos seus colegas.
Depois de 35 minutos a ser impedido de trabalhar, perseguido, e todo um monte de outras chatices, o Bom acaba por ter um show-down final com quem o investiga. Juntam-se num beco as três séries para ver qual vai ter jurisdição no episódio, e vão instigando como se estivessem a assistir a um combate de boxe. Num canto, os advogados pedem, com palavras caras, um murro que possam acrescentar à acusação de corrupção. Noutro canto, os polícias querem ver o investigador no chão com ataques justificados para ele acabar com a parvoíce e deixar a polícia trabalhar respeitosamente. No último canto, os agentes federais esperam calmamente por algo que justifique a investigação.
Todos são defraudados, porque o Bom principal é mesmo muito bom e mostra uma prova nunca antes vista que o iliba de tudo. Sim, o email foi mesmo apagado, mas com uma boa razão e um propósito que ninguém percebeu. Com sorte, até desvenda uma conspiração de larga escala e acaba com o crime na cidade inteira. Até à semana seguinte, claro.
No final, vão a um bar para repensar a situação e dizer piadas sobre os chefes, que se juntam a eles de forma inesperada e amigável. Mas não todos juntos. Depende do ponto de vista: os advogados vão para um rooftop, os polícias para um pub irlandês, e os agentes federais para um bar mais fino.