Para quem gosta de música, ou é um irritante melómano, há um padrão fácil de identificar. É um padrão que atravessa géneros, cada um com as suas adaptações específicas, mas costuma seguir a mesma linha. Esta linha é a da ordem pela qual as músicas são apresentadas nos álbuns. E é mais ou menos desta maneira:
Faixa 1 – entrada forte e cheia de energia, pode ou não ser um single
Faixa 2 – primeiro single, a música mais limada para a rádio e para ficar no ouvido à primeira
Faixa 3 – segundo single, a música com mais rock, para mostrar o lado rebelde dos artistas
Faixa 4 – terceiro single, uma balada, para mostrar que todos sentimos emoções
Faixas 5 e 6 – a zona perdida, algumas ideias antigas dos artistas, sem interesse nenhum, que foram incluídas para encher espaço
Faixa 7 – uma boa surpresa, de que toda a gente gosta e motivo de discussão em fóruns online sobre a razão de não ser um single
Faixa 8 – por que raio gravaram isto?
Faixa 9 – a melhor música do álbum, escondida no final por alguma razão desconhecida
Faixa 10 – a música preferida do líder da banda, que não é grande coisa, mas que lhe diz muito. Depois, aguenta-se uns minutos de silêncio e aparece uma hidden track decepcionante.
E pronto, é isto. Em geral, o primeiro álbum é bem polido pela editora para ter boa difusão logo de início. O segundo já é mais pessoal e ao estilo da banda. O terceiro é experimental e super estranho, e o quarto é o clássico ‘’regresso às origens’’, onde voltam ao estilo que tocavam antes de ser famosos, porque isso mostra o que a banda realmente é. Mas sempre sem quebrar o padrão.
Portanto, proponho que isto seja revisto, e dou o meu contributo: um álbum deve começar com uma música que chame a atenção e mostre a alma da banda, com força e energia, mas sem ser o single principal do álbum. Esse vem a seguir, com uma música mais trabalhada e fácil de ouvir. Depois, pode vir uma música mais pesada, um pouco mais rebelde e talvez um pouco divertida. Logo a seguir, pode ser uma música mais calma, qualquer coisa que abrande o ritmo e tenha um bocadinho mais de emoção… Pensando bem, é melhor ficar por aqui.