E a partir deste momento, um pouco de parvoíce em torno de sinónimos. Assim começa um sketch de Gato Fedorento. Não tenho mais nada a acrescentar, vou só aproveitar para usar o tema para uma coisa que me incomoda.
    Desemprego. Não tanto o estar desempregado, mas o deixar de ter emprego. Isto porque há montes de formas de ficar desempregado. No meu caso, que não tenho perfil para mandar em ninguém e sempre fui funcionário, posso ser despedido, ou despedir-me, dependendo de quem parte a iniciativa. Mas! Se fosse director de qualquer coisa, já seria demitido, ou me demitia. E isto incomoda-me. Na prática, são a mesma coisa, mas eu, enquanto mera engrenagem a mando do capital, nunca vou ser demitido, nem o meu chefe despedido. Nem nenhum de nós sofrerá o destino dos treinadores de futebol, que são afastados do cargo.
    E mais, subindo na hierarquia, nada disto acontece. Os “C-levels“ e administradores, e especialmente no sector público, já renunciam. Talvez um ou outro resigne, mas é raro. Se fizerem alguma asneira, aí já são destituídos, e se forem apanhados a fazer asneira, são imediatamente exonerados. Não posso dizer que o tempo em que estive desempregado tenha sido agradável, mas gostava de saber se a sensação é a mesma se for exonerado. Tem uma sonoridade mais requintada. Quase como ser despedido em Cascais ou na Comporta.
    Tudo isto quando já existe um verbo específico para a situação, que é “desempregar”, verbo transitivo de conjugação regular. Sobre isto é que o acordo ortográfico não fala, nem o Código do Trabalho. Esta sim, é a verdadeira luta pela igualdade laboral.