20 fevereiro, 2023

Até vi estrelas

    Como qualquer pessoa normal, quando ouvi falar no C/2022 E3 (ZTF), o famoso cometa verde, quis saber como e quando o podia ver. E, como a mesma pessoa normal, não faço ideia se o vi. Principalmente, porque o cometa verde na verdade não é verde. Só é verde em frequências infravermelhas, e, com os meus binóculos normais, só seria visto como uma luz branca. Infelizmente, no dia em que se via melhor, estava na cidade, e no dia em que estive no campo, não era fácil de o identificar. Portanto, vi uma data de luzes brancas, sem saber qual delas seria o cometa. Mas sei o que não vi.
    Seres alienígenas. Quando andava de nariz no ar à procura, pensei que seria giro ver mais qualquer coisa surpreendente. E depois lembrei-me que isso agora já não é tão frequente. Tirando os documentos divulgados pelos EUA, que também não mostram nada muito visível, não se ouve falar disso com a mesma frequência de antes. É uma tristeza, e um desperdício. Agora que temos telemóveis e câmaras com cada vez melhor capacidade de imagem há cada vez menos incidência destes casos. Nos tempos em que uma mancha numa fotografia indicava visitantes de outro planeta, havia aos pontapés, e pessoas eram raptadas a torto e a direito. Mas já não temos nada disso. Podemos tirar selfies com qualidade incrível, e descobrir localizações só com base nessas fotografias, mas ninguém as usa para apanhar alienígenas. Mesmo os raptos são raros, e logo agora que tudo o que usamos tem GPS, era só ir ver o que acontecia nessas alturas.
    Na volta, os alienígenas perceberam que agora conseguíamos ver melhor e andam mais quietos. Ou então é como no episódio do Futurama, onde dizem que o habitat natural do Big Foot são zonas desfocadas. Entretanto, vou considerar investir num telescópio. Nunca se sabe.