Recentemente, tenho sentido uma enorme vontade de rever Gato Fedorento. Só não o tenho feito porque, de uma forma nada obsessiva, não consigo encontrar um sítio que venda a série Barbosa, a única que me falta. Portanto, em vez de me estar a divertir, ando a perder horas na net a tentar resolver este mistério. Mas, no mundo real, a Rádio Renascença esteve esta semana a comemorar os 20 anos do grupo, com entrevistas a cada um dos elementos e recriação de sketches, semana que, não há volta a dar, será escolhida como o ponto alto do ano.
Não tenho palavras para descrever o quanto adoro Gato Fedorento e o que significa para mim. A primeira vez que vi foi em casa de um amigo, que tinha gravado um programa em cassete, e o primeiro sketch foi o do “Refilofone”, que é o meu favorito desde esse dia. Há outros mais icónicos, mas este vai ser sempre especial para mim e, aliás, é de onde vem o nome deste blog. Gato Fedorento entrou na minha vida de tal forma, que (como qualquer pessoa normal) passei a usar expressões deles todos os dias com os meus amigos. A mais frequente é dizer “uma destas” quando dou um aperto de mão a alguém, retirado do sketch da “Taxa de Bazófia”. Como tenho boa memória para estas coisas, 10 anos mais tarde, com o mesmo amigo que me mostrou o “Refilofone”, estivemos dois dias inteiros a comunicar um com o outro só com frases de Gato Fedorento, até a irmã dele se fartar. Quando não estamos a irritar irmãs, passamos o dia a dizer “senhor Vítor?”, “tirar o pai da forca”, “fazem cá falta os castigadores da parvoíce”, “nada, nada”, e “nesta casa, não há ursos”. A minha memória também me fez passar uma vergonha à frente deles quando, no lançamento do DVD da Série Fonseca na Fnac do Colombo, estava na fila dos autógrafos e disse que a seguir ao ”Homem a quem parece que aconteceu não sei o quê” vem o sketch da “Claque de seminaristas”. O RAP ouviu isto e disse “quem é que disse isso? Pessoal, este gajo sabe a ordem dos sketches!”. Venham vergonhas destas todos os dias.
Gato Fedorento foi o que me fez inscrever num curso de escrita humorística (onde fui, em modo de brincadeira, insultado por dizer que os via na adolescência, porque isso fazia com que fosse mais novo que os meus colegas todos), e que mais tarde deu origem a este blog, com uma mistura de humor observacional e infantilidade. Não conto que este texto chegue a algum deles, nem é esse o seu objectivo, principalmente, porque eu sou um dos três leitores do blog. Quero apenas deixar o meu agradecimento pelo que os quatro Gatos fizeram, e desejar que o continuem a fazer por muito mais tempo.
Para o Ricardo, para o Zé Diogo, para o Miguel, para o Tiago (não os conheço, mas tratar pelo primeiro nome indica familiaridade), uma destas para vocês.