O nosso mundo está cheio de comentários. Seja nas notícias online, nas redes sociais, ou nas televisões. E na maior parte deles, há uma coisa em comum. Que é o “um”.
Um, diz-nos a música, é o número mais solitário que há, mas é também um indicativo (ou garante, como se usa agora na política) de qualidade. O “um” indica algo único e específico. Nos debates legislativos, os deputados pedem uma política para a habitação, saúde, e tal, mas não políticas para a habitação, saúde, e tal. Logo, uma política é melhor que políticas.
No desporto, “um” indica um jogador-tipo, melhor do que os outros, incluindo o próprio. Quantas vezes já foi dito que “para ter vantagem contra determinado adversário, é preciso ter um Rafa na frente”? Inúmeras, no entanto, não se está a falar especificamente de ter o Rafa na frente. É um jogador como ele, mas não necessariamente ele, o que não faz muito sentido, visto que o Rafa é, de facto, o Rafa. Há que ter liderança no eixo da defesa com um Ricardo Carvalho, mas não precisa de ser o Ricardo Carvalho. Por alguma razão, um Ricardo Carvalho é melhor do que o Ricardo Carvalho.
À mesa, temos a mesma situação. Esta refeição fica bem com um vinho do Porto. Não com vinho do Porto, mas com UM vinho do Porto. Tal como também tem mais peso dizer que se quer comer uma feijoada do que dizer que se quer comer feijoada. Um bife à Império é mais saboroso do que o bife à Império.
Na volta, devia mudar o nome deste blog… Num chão da sala? No chão de uma sala? Num chão de uma sala?