Agora que estamos no período entre as festas de verão e de fim
de ano das televisões, é altura para reflectir sobre uma parte importante
destes eventos, que é a banda sonora.
Estas festas servem para mostrar a caderneta de cromos de famosos,
que costumam ser sempre os mesmos, com um ou outro que esteja na berra no
momento, mas tudo aos gritos, porque a música está sempre altíssima. Isto já
vem dos programas em que os famosos aparecem a falar da sua vida por cima de
música alta (como aquele do senhor que põe toda a gente a chorar), mas aqui temos a vantagem de poder ver todos ao mesmo tempo. Não
podemos é ouvi-los bem, porque o DJ está a abafar toda a gente.
No entanto, os repórteres que estão no evento, e são muitos,
porque estão na entrada, no palco, na plateia e no bar, não deixam passar a
oportunidade de perguntar aos famosos qual o estilo de música de que gostam e o
que querem ouvir naquele preciso momento. As respostas não variam muito, ou é
um clássico do artista que lançou o álbum mais recente, ou é um single desse mesmo álbum e que passa um
monte de vezes por dia na rádio. A pergunta é gritada, a resposta também, e o
repórter grita ao DJ para tocar aquela música específica. O DJ sorri, faz sinal
de “fixe” com a mão e acena com a cabeça, mas a música não muda, e a seguinte
não é a que os famosos pediram. Faz pensar no porquê de se fazer pedidos.
Podia parecer que o DJ tinha ignorado o pedido, e talvez com
razão, porque ter umas 50 pessoas a pedir as mesmas músicas a noite toda não
contribui para um bom ambiente no local de trabalho. Mas acho mais provável que
seja só por não ouvir. Com aquela barulheira toda, não deve conseguir perceber
o que lhe estão a dizer, e deve assumir que estão a gostar, portanto, agradece.
Estou convencido que será isto, porque ele já lá esteve na festa anterior e já
foi contratado para a próxima, e em equipa que ganha, não se mexe.