É um tema
controverso, mas é um problema que nos afecta a todos. Somos frequentemente
confrontados com situações em que outras pessoas nos fazem sentir incómodos só
por estarmos presentes, e isso só piora nesta altura do ano.
Vêm aí as
festas de Natal das empresas e, com elas, começam a chegar pedidos para
participar nas actividades que se inventam para estas coisas. Claro que é
sempre giro, mas é giro de ver. Mais do que isso já se torna um bocadinho
chato. E para aqueles de nós que nem sempre estão no escritório, ainda é pior,
porque isso depois é usado como justificação para nos convencerem a participar.
É a versão corporativa da velha frase “tudo o que disser pode ser usado contra
si”. “Nunca apareces, assim as pessoas ficavam a conhecer-te.” Pois, Vítor, mas
quando vou ao escritório estou sempre com as mesmas sete pessoas, e devemos ser
mais de cinquenta. Podia ir uma das outras, e assim também a ficava a conhecer.
Mas não,
é mais importante sermos nós a participar, o que é uma chatice. E se cairmos na
asneira de ceder um bocadinho, estamos entalados. Fazer um pequeno texto sobre
como é a vida na nossa cidade em confinamento rapidamente evolui para um “e se
contasses no evento online em vez de escreveres?”, e já fomos apanhados.
Depois, podemos fazer uma apresentação maior e mais completa no evento seguinte,
já que correu tão bem, e, antes de darmos por isso, estão a propor que sejamos
o anfitrião do evento. Ó Vítor, eu nem vou regularmente ao escritório, Vítor!
“Pois, daí ser bom seres tu o anfitrião.” Raios partam, quando é que podemos
voltar a ser apenas números para as empresas?